No dia 15 de setembro de 2016, a nossa psicóloga clínica e terapeuta floral, Drª Helena Amaral, realizou a palestra “Alcoolismo e Obsessão” como uma das atividades em Araruama relacionadas ao Mês Espírita no Brasil. Leia, a seguir, o principal texto trabalhado na palestra, escrito por Astolfo Olegário de Oliveira Filho; e dois vídeos que formam um filme bastante impactante.

Alcoolismo e Obsessão: consequências, implicações espirituais e tratamento

O alcoolismo é um problema de dimensões trágicas ainda subdimensionadas e seu maior dano é a  destruição de famílias inteiras.

Metade de todas as crianças atendidas nos serviços psiquiátricos vem de famílias de alcoólatras, e boa parte dos abusos cometidos contra crianças tem raiz no alcoolismo.

Sem qualquer sombra de dúvida, o alcoolismo é uma doença.

É o resultado de um cérebro que perdeu  a capacidade de decidir quando começar a beber e quando parar. Não é possível detectar numa criança ou num pré-adolescente traço algum que permita antever que eles se tornarão alcoólatras.

“Alcoolismo cria distúrbios da personalidade, mas distúrbios da personalidade não levam necessariamente ao alcoolismo.”

A principal diferença entre alcoolismo e outras dependências diz respeito ao tipo de droga.

Opiáceos

São tranquilizantes, mas o álcool é um mau tranquilizante, tende a fazer as pessoas infelizes ficarem mais infelizes e piora a depressão. A pequena euforia que o álcool proporciona é sintoma do início da depressão do sistema nervoso central.

Do ponto de vista da sociedade, o álcool é um problema muito grave.

O alcoólatra provoca não somente acidentes de trânsito, mas problemas graves à sua volta, a começar por sua família.

As únicas pessoas que estão sob o risco de alcoolismo são as que bebem regularmente, mas, se  nunca passar de dois drinques por dia, o indivíduo pode usufruir socialmente da bebida em festas, casamentos,carnaval, e não se tornar alcoólatra.

Há pouco a fazer para ajudar um alcoólatra, mas uma coisa é essencial: não se deve tentar proteger  alguém de seu alcoolismo.

Se uma mulher encontra seu marido caído no chão, desmaiado sobre seu próprio vômito, não deve dar banho e levá-lo para a cama. O único caminho para sair do alcoolismo é descobrir que o álcool é seu inimigo. Proteger uma pessoa nessa situação não ajuda. Não é papel da família tentar convencer o alcoólatra de que o álcool é um mal para ele.

Na verdade, em tal situação, a família precisa de ajuda, como a oferecida pelo Al-Anon, a divisão dos Alcoólicos Anônimos voltada ao apoio a famílias de alcoólatras

A abstinência é fundamental no tratamento do alcoolismo. Um alcoólatra até pode beber socialmente , da mesma forma que um carro pode andar sem estepe, ou seja, é uma situação precária e um acidente é questão de tempo.

Num horizonte de seis meses, muitos alcoólatras conseguem manter seu consumo de álcool dentro de padrões socialmente aceitos, mas, se observarmos um intervalo maior de tempo, vamos verificar que a tendência é ir aumentando gradualmente o consumo, até voltar ao padrão antigo. Em períodos mais longos, normalmente, só quem para de beber não sucumbe ao vício.

Em 1995, uma substância, a naltrexona, foi saudada como a pílula antialcoolismo. Vendida no Brasil com o nome de Revia, não se conhece ainda seu efeito a longo prazo. Mas, em linhas gerais, drogas podem funcionar como apoio por, no máximo, um ano, visto que é muito difícil tirar algo de alguém sem  oferecer alternativas de comportamento.

Usar essas drogas equivale a tirar o brinquedo de uma criança e não  dar nada no lugar.

A terapia oferecida pelos Alcoólicos Anônimos é parecida com as terapias behavioristas, que  pretendem obter uma determinada mudança de comportamento. Mas, além de ser um tratamento barato e que dura para sempre, a terapia dos A.A. tem um componente espiritual importante. Terapias ajudam a não beber, mas os Alcoólicos Anônimos dão ao indivíduo um círculo de amigos sóbrios, dão-lhe significados, amigos, espiritualidade.

“É o melhor tratamento que temos.”

Embora as estatísticas nesse campo não sejam precisas, sabe-se que cerca de 40% das abstinências estáveis são intermediadas pelos Alcoólicos Anônimos.

Consequências do Alcoolismo

Os efeitos do alcoolismo atingem não Apenas a saúde do alcoólatra, mas igualmente a comunidade em que ele vive e, Especialmente, sua família.

  1. A) Seus efeitos na saúde:

Neurológicos – prejuízos na coordenação motora e o caminhar cambaleante.

Físicos – afecções como a cirrose hepática e cânceres diversos.

Mentais – perda da concentração e da memória.

Psicológicos – apatia, tédio, depressão.

  1. B) Seus efeitos sociais:

Crimes – o número de homicídios detonados pelo álcool é surpreendente: em 1996, 41% em São  Paulo e 54% nos Estados Unidos.

Acidentes de trânsito – em 1995, 30% de todos os acidentes com vítimas ocorridos no Brasil foram motivados pelo álcool. Dados mais recentes divulgados por Veja em 13/10/99 informam que 30.000 pessoas morrem em acidentes de trânsito por ano no Brasil: metade é vítima de motoristas bêbados ou drogados.

Má produtividade no trabalho – além dos danos produzidos à empresa que paga o salário ao alcoólatra,o fato geralmente redunda na demissão e muitos não conseguem um novo emprego devido a isso.

Perda do senso do dever e dos bons costumes – falta ao trabalho,desemprego.

  1. C) Seus efeitos na família:

Comprometimento dos filhos – 80% dos filhos aprendem a beber em casa, diz a psicóloga Denise de Micheli.

Desestruturação do lar – o desemprego gera as dificuldades financeiras e as discussões inevitáveis.

As separações conjugais – a mulher não aguenta as conhecidas fases da euforia: momice (macaco), Avalentia (leão) e a indolência (porco).

A violência doméstica – 2/3 dos casos de violência infantil ocorrem quando o agressor está alcoolizado.

O alcoolismo na visão espírita  

A exemplo de André Luiz- Espírito, que nos mostra em seu livro  Sexo e Destino,  capítulo VI, págs. 51 a 55, como os Espíritos conseguem levar um indivíduo a beber e, ao  mesmo tempo, usufruir das emanações alcoólicas,

“A obsessão mundial pelo álcool, no plano humano, corresponde a um quadro apavorante de vampirismo no plano espiritual. A medicina atual ainda reluta – e infelizmente nos seus setores mais ligados ao assunto, que são os da Psicoterapia  em aceitar a tese espírita da Obsessão. Mas as Pesquisas parapsicológicas

já revelaram, nos maiores centros culturais do mundo, a realidade   da Obsessão.

De Rhine, Wickland, Pratt, nos Estados Unidos, a Soal, Carrington, Price, na Inglaterra, até a outros parapsicólogos materialistas,

José Herculano Pires também associa alcoolismo e obsessão.

No capítulo de abertura do livro Diálogo dos Vivos, obra publicada dez anos após o referido livro de

André Luiz, Herculano assevera, depois de transcrever a visão do Espírito de Cornélio Pires sobre o uso do álcool:

“A descoberta do vampirismo se processou em cadeia. Todos os parapsicólogos verdadeiros, de renome científico e não marcados pela obsessão do sectarismo religioso, proclamam hoje a realidade das influências mentais entre as criaturas humanas, e entre estas e as mentes desencarnadas.”

Tratamento do Alcoolismo

Embora o alcoolismo tenha sido definido pela O.M S. como uma doença incurável, progressiva e quase sempre fatal, o dependente do álcool pode ser

tratado e obter expressiva vitória nessa luta, que jamais será fácil e ligeira.

Sintetizando aqui os passos recomendados pelos especialistas na matéria e as recomendações específicas do Espiritismo a respeito da obsessão, NOVE são os pontos do tratamento daquele que deseja, no âmbito espírita, livrar-se dessa dependência:

Conscientização de que é portador de uma doença e vontade firme de tratar-se.

  1. Mudança de hábitos para assim evitar os ambientes e os amigos que com ele bebiam anteriormente.
  2. Abstinência de qualquer bebida alcoólica, convicto de que não bebendo o primeiro gole não haverão segundo nem os demais.
  3. Buscar apoio indefinidamente num grupo de natureza idêntica à dos Alcoólicos Anônimos, que proporcionam, segundo o Dr. George Vaillant, o melhor tratamento que se conhece.
  4. Cultivar a oração e a vigilância contínua, como elementos de apoio à decisão de manter a abstinência.
  5. Utilizar os recursos oferecidos pela fluidoterapia, a exemplo dos passes magnéticos, da água fluidificada e das radiações.
  1. Leitura de páginas espíritas, mensagens ou livros de conteúdo elevado, que possibilitem a assimilação de ideias superiores e a renovação dos pensamentos.
  1. A ação no bem, adotando a laborterapia como recurso precioso à saúde da alma.
  2. Realizar pelo menos uma vez na semana, na intimidade do lar, o estudo do Evangelho, prática que é conhecida no Espiritismo pelo nome de culto cristão no lar. A família que lê o Evangelho e ora em conjunto beneficia a si e a todos os que a rodeiam.

Autor: Astolfo Olegário de Oliveira Filho

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